curadoria de benilton bezerra jr. e jurandir f. costa
experiências de pertencimento ou desfiliação, reconhecimento ou exclusão estão na base dos afetos, sentimentos, aspirações, valores, ideais e sofrimentos que moldam nossa existência, e são fortemente ancoradas na maneira como construímos, rejeitamos e redefinimos as identidades individuais e coletivas que emergem na vida social.
a aceleração e a profundidade das transformações políticas, éticas, tecnológicas e sociais de hoje vêm desmontando velozmente as referências que costumavam balizar esse processo. em consequência, surgiram mutações subjetivas e sociais inesperadas na maneira como nos definimos a nós mesmos e como nos relacionamos uns com os outros.
o sentido e as finalidades que atribuimos à vida pessoal e à vida em comum, as formas de sofrimento que o mal-estar engendra e os projetos de futuro que somos capazes de imaginar foram profundamente alterados. nesse cenário, uma das tarefas intelectuais mais urgentes é a revisão de nossas matrizes conceituais.
antes de pensar em respostas políticas ou recomendações éticas para os tempos atuais, é necessário compreender como chegamos até aqui, e o que caracteriza a experiência que temos no mundo e de nós mesmos na atualidade. desse modo, talvez venhamos a esclarecer melhor a natureza dos elementos que moldam as formas de coesão e confrontação social, bem como as bases subjetivas de nossa presente capacidade de lidar com frustrações, angústias, medos, promessas e quaisquer outros constituintes de nossos ideais de realização pessoal.